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AONDE FOI A DEMOCRACIA?

          O que fazer quando o professor se confunde com um ditador? Quando na sala de aula não há espaço para o diálogo? Quando professor se acha o dono da razão? Quando o aluno é incentivado a não expressar o seu ponto de vista, suas opiniões, imitando assim um calango, que só balança a cabeça, sendo obrigado a aceitar tudo que é imposto pelo professor?

“Ensinar é um processo no qual seus elementos principais – professor e aluno – devem se ajustar na mediatização do conhecimento. Esse “ajuste” é condição essencial e necessária para que o saber seja proveitosamente trabalhado.”¹

          Infelizmente ainda existem professores que desconhecem ou ignoram esse ajuste, para eles, os alunos e todo o resto do processo de ensino ficam em segundo plano, professores esses, que pensam ser o centro de tudo e de todos, que ignoram tudo o que lhe é proposto e que vai de encontro a suas concepções. Na universidade de hoje, não é admissível o professor ditador, que oprimi seu aluno e o priva de seu desenvolvimento e da sua liberdade de pensamento. O professor precisa se conscientizar que a forma de exercer a autoridade na sala de aula mudou. Não há mais lugar para o autoritarismo e sim para a negociação.

“A relação de “Conhecimento” não pode ser hierárquica ou de subordinação (O meu lugar me preserva prerrogativas que o seu não = patentes), pois quando se age dessa forma se evoca o professor “ditador”, o que traz de volta o autoritarismo.”³

“Uma relação professor-aluno que seja marcada pela tensão ou pelo medo ou que se desenvolva verticalmente opressora é a causa de boa parte dos fracassos escolares, embora saibamos que fatores sócio-econômicos decorrentes de uma relação familiar desajustadamente estabelecida pesem sobre a “decisão” de muitos alunos de simplesmente evadirem da escola.”¹

"O professor ainda é um ser superior que ensina a ignorantes. Isto forma uma consciência bancária [sedentária, passiva]. O educando recebe passivamente os conhecimentos, tornando-se um depósito do educador. Educa-se para arquivar o que se deposita."³

          Como admitir que alunos do ensino superior ainda tenham medo dessa opressão? Ou pior, como admitir que essa opressão ainda exista? (Principalmente no ensino superior, que é a fase de preparação do aluno para o mercado de trabalho) Como admitir que esses alunos saiam para esse mercado sem ter um senso crítico, sem ter opinião própria, aceitando tudo sem questionar, sem que haja um diálogo? O que esperar de profissionais com esse tipo de formação? A resposta é simples: NADA!

          O filme “Sociedade dos poetas mortos” tenta mostrar como seria o arquétipo de um professor inovador: “O Professor deve emocionar e ensinar sem ser libertino; instigar e provocar o que há de mais genuinamente humano no aluno sem perder o respeito deste. Em suma, é uma explosão de movimento, criatividade e emoção.”
          Pena que essa espécie entrou em extinção antes mesmo de se quer existir.

          E quanto ao Assédio Moral?
          Fato comum no ambiente escolar e, em particular, nas universidades, normalmente se aplica esse conceito para a relação entre professores e estudantes, onde o primeiro usa de seus “poderes” para agredir psicologicamente o segundo, criando assim, uma situação insustentável na sala de aula, e onde o único prejudicado é o aluno.
          A seguir alguns exemplos de situações que representam assédio moral quando forem praticadas propositalmente:
  • Clima de aversão e terror criado por professores (efeito Dementor*);
  • Falta de educação ou “grossura” no tratamento dos estudantes pelos professores, em sala de aula ou fora dela
  • Ofensas e agressões aos alunos, seja em público ou em particular;
  • Tratar os alunos de forma desrespeitosa, com desdém, com menosprezo, como seres inferiores e indignos;
  • Humilhar os estudantes, fazendo com que eles se sintam incapazes, burros, desajeitados, etc.;
  • Atitudes de violação de ética acompanhadas de covardia – agredir e humilhar estudantes em situações nas quais eles não podem fazer uso de seus direitos.

          Vale ressaltar que ofensas e agressões não são apenas as que são feitas de forma explícita, através do uso direto de palavras, mas também as que são mais “sutis”, através de gestos, risos zombeteiros, atitudes, ironia, caretas, piadinhas e outros meios bem conhecidos por todos.
          Fazer perguntas é uma das formas que o aluno possui para melhorar os seus conhecimentos, porém muitos alunos preferem o silêncio devido o medo de sofrer humilhações pela sua falta de conhecimento, o que é inaceitável. Ao aluno reserva-se, também, o direito de fazer críticas a professores e a própria universidade, entretanto essas críticas devem ser feitas de modo educado, e mais importante ainda, devem ser ouvidas e servir para o aperfeiçoamento do curso, não devendo assim, servir de motivo para perseguições e/ou discriminações pelo fato de apresentarem as mesmas.
“Nem os professores nem os estudantes são perfeitos, mas o ambiente deve se pautar por um comportamento ético, de decoro e dignidade, de cooperação, diálogo e de busca de aperfeiçoamento por parte de todos. Liderança, autoridade e competência não podem ser confundidas com um direito a se tornar um carrasco ou ditador. A atitude de “você vai ver quem manda aqui” lembra presídios e campos de concentração, e não uma instituição de ensino digna desse nome
O respeito acadêmico se estabelece gradualmente, à medida que as pessoas conhecem a capacidade intelectual e o comportamento ético do profissional. Não pode ser imposto pelo medo ou agressões.”5

          Os alunos não devem aceitar imposições ou idéias que não foram apresentadas com argumentação convincente, pois se assim fizerem, deixarão de ser alunos a passarão a ser simplesmente fantoches. É isso que você é?
“Creia, não há pessoas tão insignificantes e desprezíveis, e elas podem, qualquer dia desses, ser úteis a você; o que elas certamente não serão se você já as tratou com desprezo. Injustiças se esquecem, desprezo, jamais. Nosso orgulho guarda essa lembrança para sempre." (Lord Chesterfield, 1694-1773)

* Harry Potter: "Os Dementadores estão entre as criaturas mais sujas que andam nesta terra. Eles infestam os lugares mais escuros e imundos, sentem a glória na deterioração e no desespero. Eles sugam a paz, a esperança e a felicidade do ar em torno deles. Até mesmo os trouxas [Muggles] sentem sua presença, embora não possam vê-los. Chegue perto demais de um Dementador e cada sentimento bom, cada memória feliz, serão sugados para fora de você. Se puder, o Dementador se alimentará de você o suficiente para reduzi-lo a algo como ele próprio... sem alma e mau. Você será deixado apenas com as piores experiências de sua vida."


REFERÊNCIAS

  1. Leonardo Batista da Silva,Professor de Língua Portuguesa.
  2. Gilson de Almeida Pereira, doutorando em educação.
  3. Maria Carmem Tavares Christóvam, MBA - One Year Graduate Studies in administration and management.
  4. FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. p.38.
  5. Assédio moral ou psicológico na universidade.

Comentários

Anônimo disse…
A democracia foi para ..
esta na ..
é ..

Onde está mesmo!? Sabes?!

é normal não acharmos algumas garantias nossas (brasileiros) não muito implicita na sociedade.

No caso da sala de aula, deve ser um professor meio reprimido, que tem medo do diálogo com o aluno, é.. deve ser isso mesmo.


[ .. ]

Boa postagem.
Abraço.
Unknown disse…
Os doutores da banca que o digam!

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